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''A atual montagem é de grande categoria'' - diz Barbara Heliodora, em crítica ao musical ''Cabaret''

A crítica de teatro do Jornal O Globo, Barbara Heliodora, assistiu ao espetáculo ''Cabaret'' e fez a sua crítica:

''Tudo dominado na linguagem do musical

Se Claudia Raia esperou muito para realizar seu sonho de interpretar Sally Bowes em “Cabaret”, ela pelo menos está tendo a alegria de vê-lo muito bem realizado. Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, o musical de Joe Masteroff (texto), John Kander (música) e Fred Ebb (letras) nasceu do livro “The Berlin Stories”, de Christopher Isherwood, transformado em peça por John van Druten. A atual montagem é de grande categoria e narra bem a história dos diferentes destinos de um pequeno grupo de indivíduos que vivem os primórdios do nazismo, nesse musical muito bem armado, que usa o universo devasso do Kit Kat Klub como parábola da decadência dos últimos anos da República de Weimar.


Ótimas traduções de Falabella

A versão brasileira é de Miguel Falabella, que faz ótimas traduções para as brilhantes e complexas letras de Ebb, tarefa nada fácil, já que as canções não só fazem caminhar a ação como são o principal veículo para a crítica contida na obra. A encenação toda é muito boa; a cenografia (atribuída a Chris e Nilton Aizner, Renato Theobaldo e Roberto Rounik) resolve bem os espaços e sugere a época; os figurinos de Fabio Namatame servem a época e o clima, levando em conta a dimensão sempre um pouco exagerada de um musical; e a linda luz de Paulo Cesar Medeiros sublinha o todo com agilidade. A direção musical e vocal de Marconi Araújo é muito boa (e bem executada pela orquestra sob a regência de Beatriz de Luca), e a coreografia de Alonso Barros é primorosa na sugestão do estilo da época e do ambiente retratado. A direção de José Possi Neto valoriza os vários aspectos da ação de “Cabaret”, coordenando o conjunto com muita firmeza.

O elenco é grande, e os Kit Kat girls e boys são todos bailarinos mais do que competentes; Kátia Barros e Júlio Mancini dão boa conta de seus pequenos papéis, enquanto Liane Maya e Marcos Tumura deixam marca como vítimas do nascente nazismo, que destrói o tímido e outonal romance dos dois, e Guilherme Magon se sai a contento como o narrador/participante da trama. Jarbas Homem de Mello tem um ótimo desempenho como MC, tanto como ator quanto como dançarino e cantor; e Claudia Raia brilha na realização de seu sonho, correspondendo às altas exigências do diretor, do coreógrafo e do diretor musical com óbvia paixão. O espetáculo “Cabaret” é mais uma prova de que os musicais são uma linguagem plenamente dominada pelo teatro brasileiro, hoje apto a enfrentar comparações com os originais anglo-americanos. ''

A crítica também pode ser encontrada no site Guia Rio Show.