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Site Mr. Zieg fala sobre o musical ''Cabaret'' no Rio de Janeiro

O site especializado em Teatro Musical, Mr.Zieg, fez uma crítica sobre o espetáculo musical ''Cabaret'' que teve sua estreia na capital carioca no final de março passado.
Veja a análise:

 ''Zieg Viu: a estreia de ‘Cabaret’ no Rio de Janeiro

Depois da bem-sucedida temporada paulista, o musical Cabaret estreou no Rio de Janeiro no dia 30 de março. Os fluminenses que aguardaram ansiosamente a peça passar por outras quatro cidades brasileiras antes de aportar no Rio não imaginam que a espera de Claudia Raia foi ainda maior.

 Apaixonada pelo musical, Claudia sempre sonhou em interpretar sua atual personagem, Sally Bowles. Quando a peça foi montada pela primeira vez no Brasil, em 1989, ela foi convidada de imediato para o papel, mas foi forçada a recusar por conta das gravações da novela Rainha da Sucata e porque já estava comprometida com a montagem de O Beijo da Mulher Aranha. Ficou, então, para Beth Goulart a honra de interpretar a protagonista.

“Passei mais de 20 anos perseguindo a Sally. Vi umas seis montagens da peça pelo mundo, até conseguir comprar os direitos autorais. Eu me uni a outro maluco igual a mim, que é o Sandro Chaim, para produzir esse espetáculo”, disse Claudia à revista Veja.

Felizmente ela não desistiu e agora podemos conferir de perto – através de toda energia e segurança que Claudia emana no palco – que este realmente é o papel de seus sonhos. A atriz nos faz acreditar em sua Sally Bowles, mesmo estando um pouco fora do perfil, já que a personagem tem apenas 19 anos. Ela lembra justamente a descrição dada pelo próprio Christopher Isherwood, autor dos livros que inspiraram o musical, sobre a performance de Sally: “Eficiente à sua própria maneira por conta de sua aparência arrebatadora e de seu ar de quem não se importa com o que pensam sobre ela”.

E faltam adjetivos para descrever a aparência de Claudia Raia, que está, sem dúvida, arrebatadora. No auge dos seus (não é educado revelar a idade de uma dama, não é?), a atriz faz os queixos da plateia caírem ao exibir seu corpo escultural. Na interpretação, ela apresenta um timing cômico impecável e exibe sua veia dramática na medida certa, além de dar um show na dança, atributo já conhecido desta mulher multitalentosa.

Sally Bowles, que nos palcos teve em sua pele atrizes de peso como Jane Horrocks e Judy Dench, nos cinemas foi vivida por Liza Minelli em um filme que recebeu vários Oscars, inclusive o de Melhor Atriz. A canção Cabaret tournou-se a “canção assinatura” de Liza e foi através da interpretação dela que esta música ganhou fama internacional. Desta forma, a comparação vocal é injusta, mas Raia mostra o quanto evoluiu vocalmente aos cuidados do maestro Marconi Araújo.

Jarbas Homem de Mello está impecável na pele de MC, o mestre de cerimônias, com uma interpretação um pouco mais lasciva, diferente do criado por Joel Grey (o papel lhe rendeu tanto um Oscar quanto um Tony). Uma revelação foi Mateus Ribeiro, interpretando a capella a canção Tomorrow Belongs to Me, com uma voz clara, fácil e cheia de emoção. Com certeza ainda vamos ouvir muito sobre esse rapaz nos palcos musicais.

Mas o destaque fica por conta de Liane Maya, em sua interpretação de Fräulein Schneider, a dona da pensão onde Sally se hospeda com o escritor Cliff, interpretado por Guilherme Magon. É emocionante ver a personagem dela mudando à cada nova cena. Por não ser um papel principal, temos pouco tempo para acompanhar os sentimentos da personagem, mas Liane consegue ser transparente em suas intenções e tem a plateia na mão ao interpretar a canção What Would You Do?, um dos momentos mais impressionantes do musical.

Já era de se esperar que as coreografias de Alonso Barros seriam um destaque e, mais uma vez, ele conseguiu surpreender trazendo um toque moderno ao espetáculo, sem desrespeitar o original de Bob Fosse. Os elementos tão característicos de Fosse continuam lá, mas a movimentação foi revitalizada, ganhando fôlego e vida. A energia e a limpeza com as quais os dançarinos executam a coreografia contribuem muito para que o espetáculo não perca seu ritmo.

O figurino de Fábio Namatame consegue ser extremamente moderno e ao mesmo tempo remeter ao estilo clássico da época. Um pouco glamoroso demais para representar um cabaré decadente, mas totalmente perdoável, já que o acabamento e o preciosismo, tão característicos de Namatame, fazem com que cada um dos 150 visuais seja uma obra de arte.

A produção teve apenas dois dias para se instalar no teatro e ensaiar o espetáculo no novo espaço. O elenco pareceu se adaptar bem, mas a técnica ficou um pouco prejudicada, principalmente as projeções nas laterais do palco. Felizmente os erros técnicos, apesar de constantes, não impediram que o público saísse deslumbrado do teatro e serviram ainda como “desculpa” para se assistir novamente a este musical, que merece ser chamado de espetáculo.

Zieg Veredito: se você não for uma freira (ou a mãe de Sally Bowles) garanta já o seu ingresso!''

O texto ficou por conta de Rafael Oliveira, com o codinome de Sir Erik, que é uma das caraceterísticas do site.Para a acessar a página, é só seguir no endereço: http://mrzieg.com/